Introdução: passar por um deserto e vencê-lo é um desafio. As dificuldades que um deserto geográfico apresenta, servem de base para traçarmos um paralelo com o “deserto espiritual” que muitas vezes temos que enfrentar. Por suas condições adversas, a primeira coisa que queremos, quando estamos no vale árido, é sair dele. Entretanto, no Salmo 84, a Bíblia fala de um tipo de pessoa que Deus chama de bem-aventurado (mais que feliz), que tem a capacidade de transformar os vales áridos em mananciais. Dessa forma, entendemos que a bem-aventurança não está em sair do vale, mas em transformá-lo em um manancial.
O vale árido, mencionado no verso 6, é também chamado de Vale de Baca. Baca significa choro, lágrima, e tem esse nome por causa do bálsamo que escorre de uma planta comum no Vale de Baca, e que destila um perfume, como que se a planta estivesse chorando. Ou seja, o salmista está fazendo uma alegoria ao sofrimento, que tantas vezes temos que enfrentar, mas que nos dá a oportunidade de perfumar o “vale” onde estamos. Aquilo que se apresenta como negativo, que traz consigo o desconforto, Deus usa para transformar “geografias espirituais”. Veja que o salmista chama o homem de bem-aventurado, porque ao passar pelo vale árido ele transformou o vale num manancial. Este é o grande desafio para nós, com a bênção de Deus, transformar situações negativas em positivas.
Olhando para esse quadro proposto pelo salmista, entendemos que a nossa felicidade (bem-aventurança), não se encontra nas circunstâncias externas que envolvem a nossa vida, mas nas nossas atitudes interiores, as posturas que assumimos na hora das dificuldades. Assim sendo, vejamos no estudo dessa semana quais são as atitudes que nos levam a transformar a aridez do vale em mananciais.
1. Dependência – em primeiro lugar, o verso 5 declara: “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti... “. A força está em Deus, ou seja, ele depende do Senhor em todo tempo, quando tudo vai bem ou não. Independente das circunstâncias, se elas são boas ou ruins, a força desse homem está em Deus. Essa é a primeira atitude daqueles que transformam vales áridos em mananciais.
Nesse ponto, também devemos considerar que, no vale, nós temos que cavar poços para que ele se transforme num manancial. Entretanto, no Vale de Baca, não se encontra água no subsolo, na verdade, são cavadas cisternas que irão armazenar a água da chuva. Assim compreendemos que os poços que cavamos se enchem de cima para baixo e não de baixo para cima. Veja que é uma parceria, nós nos esforçamos para fazer as cisternas e Deus nos dá a chuva que enche os nossos poços e premia o nosso esforço (6).
2. Compromisso – em segundo lugar, ainda no verso 5, o salmista acrescenta: “.. em cujo coração se encontram os caminhos aplanados”. O que entendemos por caminhos aplanados? Caminhos aplanados é o resultado transformador da Palavra de Deus em nossa vida. O homem que transforma vales áridos também tem um coração comprometido com a verdade de Deus e se deixa trabalhar pela vontade do Senhor.
Caminhos aplanados representam caminhos que foram moldados pelo Senhor. A Palavra de Deus é a grande ferramenta usada por Ele para nos aperfeiçoar. As nossas arestas, as imperfeições da nossa alma e caráter devem ser trabalhadas, e todos aqueles que andam segundo a palavra serão alcançados pela bênção do Todo-Poderoso (Dt. 28:2).
3. Perseverança – a terceira atitude do homem bem-aventurado é a sua perseverança. No verso 7, o salmista diz que eles “Vão indo de força em força”. Eles entendem que estão num processo e não desistem. Por outro lado, existem pessoas que são imediatistas e, por isso, quando as coisas não acontecem no tempo em que elas esperam, acabam desistindo.
Repare que o texto diz que “eles vão indo de força em força”. Numa caminhada, muitas vezes, nos cansamos. Quando isso acontece temos que nos renovar. De que modo devemos fazer isso? Buscando sempre a presença de Deus para nos fortalecer, tendo qualidade de tempo junto ao Pai. Por isso o salmista fala que é de força em força, ou seja, quando as forças estão terminando, temos que renová-las em Deus e seguir adiante.
4. Propósito – em quarto lugar, o homem que transforma vales áridos em mananciais tem senso de propósito. A sua vida não é vivida sem objetivo, e isso fica claro no verso 7, quando o salmista diz que “... cada um deles aparece diante de Deus em Sião”. Perceba que ele enfrenta a aridez do vale e o transforma num manancial porque ele estava indo para Jerusalém, e o Vale de Baca era passagem obrigatória para aqueles que estavam se dirigindo a Sião.
O vale é transformado, sobretudo, porque o propósito é nobre. Aqueles que estão buscando a Jerusalém celestial – lugar de louvor e adoração ao Rei – terão que enfrentar vales áridos, mas verão esses vales áridos transformados em mananciais porque não estão vivendo por viver, mas são regidos por um propósito extremamente nobre. Certamente, o Senhor será com eles!
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