quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entendendo as tempestades



“O Senhor tem o seu caminho no turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” - Naum 1:3

Enfrentar tempestades não é exclusividade dos homens sem Deus. Embora muitas pessoas estejam na igreja com a expectativa de que o Senhor fará de suas vidas um “mar de rosas”, não é esta a realidade e não é isto o que a Bíblia promete. Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Pedro nos adverte: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária estivesse vos acontecendo” (I Pe 4:12). Portanto, adversidade é coisa comum na fé.

Já que não podemos viver a ilusão de que não enfrentaremos súbitas tempestades na vida, o melhor que fazemos é aprender a nos comportar no meio delas. Para tanto, gostaria que você lesse dois textos: Jonas 1:1-17 e Marcos 6:45-51. A partir desta leitura vamos tomar o exemplo de Jonas e dos discípulos para aprender sobre o assunto.

Tanto Jonas quanto os discípulos serviam ao Senhor e enfrentaram terríveis tempestades. Entretanto, os contextos que envolveram suas lutas eram bem diferentes. Os discípulos estavam no meio do Mar da Galiléia por pura obediência ao Senhor. O próprio Jesus os havia compelido a estar naquele lugar (Mc 6:45). Jonas, por outro lado, estava no meio do mar por desobediência. Deus o havia mandado para Nínive, mas ele fugia de sua vontade num navio para Társis. No seu caso, diz a Bíblia que “Deus lançou sobre o mar um forte vento” (Jn 1:4).

Aqui temos a primeira coisa a fazer quando enfrentamos tormentas. Devemos nos indagar: Esta situação é uma provação ou uma disciplina do Senhor? Os discípulos estavam sendo provados. Jesus queria conduzi-los a um novo nível de fé. Este é sempre o propósito das provações. Por isto o Senhor permitiu que eles entrassem no meio das nuvens negras. Mas o Mestre acompanhava tudo atentamente através da sua intercessão e logo viria em seu socorro (Mc 6:47-48). Deus nunca nos prova além das nossas forças!

O caso de Jonas era bem diferente. A tempestade veio para corrigi-lo. Era fruto de sua desobediência e tinha o propósito de levá-lo de volta à vontade de Deus. A única maneira de vê-la cessar antes que acabasse com sua vida era um profundo e genuíno arrependimento.

Quando estamos sendo provados, Deus espera ver em nós persistência e fé. A Bíblia diz que, vendo os discípulos “em dificuldade a remar”, Jesus veio-lhes ao encontro (Mc 6:48). Estou certo de que a atitude deles de não entregar os pontos e, mesmo cansados, continuar fazendo o que podiam para não naufragar, comoveu o coração do Senhor. É assim que devemos agir em meio às lutas: nunca desistir de chegar ao lugar que o Senhor apontou para nós. Eles tinham um destino, Betsaida, e estavam lutando para chegar lá.

Em contraste com a atitude dos discípulos, Jonas dormia no porão do navio enquanto as ondas se avolumavam (Jn 1:5). A princípio, este homem estava tão insensível e passivo, que Deus não interveio, a não ser para piorar a tempestade. Só depois que Jonas despertou da rebeldia e assumiu o seu pecado, aceitando pagar por suas conseqüências, foi que o Senhor ordenou a bonança.

Há muitas pessoas que não saem das lutas porque não estão dispostas a assumir e abandonar o erro. Decidiram que iriam numa direção própria e insistem em mantê-la, ainda que a vara do Senhor lhes esteja ardendo nas costas. Ignoram o fato de que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (I Pe 5:5).

É importante afirmar que o amor do Pai está presente em ambas as situações, seja na provação ou na disciplina. Ao provar-nos, Ele revela seu intento de fazer-nos crescer, de conduzir-nos a uma dimensão maior do seu poder (Pedro, por exemplo, terminou aquela noite andando milagrosamente sobre as águas!). Mas quando o Senhor nos disciplina, nisto revela também o seu amor. Ele recusa-se a tratar-nos como bastardos. Somos seus filhos e por isso Ele não pode abandonar-nos em nosso próprio erro e rebeldia. Assim, usa da vara para trazer-nos de volta à sua “boa, perfeita e agradável vontade” (Rm 12:2).

O desfecho destas duas histórias é surpreendente! Os discípulos assustaram-se ao ver Jesus andando sobre as ondas. Esperavam que Ele viesse, é verdade, mas pensavam que o faria de um modo corriqueiro, remando num barquinho. Mas o poder de Deus é espetacular. Devemos preparar o nosso coração para vê-lO agir de maneira ilógica nas nossas lutas. Lembre-se: Uma prova sempre nos levará a um nível maior de fé, se permaneceis fiéis.

Quanto a Jonas, genuinamente arrependido e conformado com as consequências de seu pecado, foi lançado ao mar. Sua atitude fez cessar a tormenta. Mas voltar ao lugar de origem, à situação de antes do erro, ainda lhe custou três dias e três noites terríveis no ventre de um peixe. Só depois disso, a restauração se completou.

Conclusão: Se posso resumir tudo em poucas palavras, direi: Se você está sendo provado, não pare de remar! Se você está sendo corrigido, humilhe-se, decida mudar e aceite a barriga do peixe. Ela é bem melhor que as trevas definitivas do fundo do mar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário